Mulheres e meninas refugiadas não devem ser deixadas para trás, lembra ACNUR

De acordo com Gillian Triggs, alta comissária adjunta para proteção da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), conflitos, a crise climática e a pandemia de Covid-19 estão dando um golpe triplo nos direitos e na segurança das mulheres e meninas refugiadas, deslocadas internamente e apátridas, muitas das quais já enfrentavam desigualdades e discriminação profundamente enraizadas.

“Dois anos após o início da pandemia, continuamos a ver um aumento nos relatos de violência de gênero, como violência doméstica, casamentos forçados, trabalho infantil, tráfico e exploração”, destaca Triggs em declaração divulgada hoje, 9 de março.

Ela continua: “Em alguns contextos onde as famílias são atingidas por conflitos, desastres, insegurança e pobreza crescente, as meninas estão sendo retiradas da escola para trabalhar, casar e, nos casos mais extremos, para serem vendidas.

“As dificuldades socioeconômicas foram agravadas pela pandemia, e as mulheres e meninas deslocadas estão entre as mais atingidas. Milhões dependem de empregos precários na economia informal – ganhando menos e gastando mais para sustentar suas famílias. Elas estão em maior risco de pobreza e exploração.

“A desigualdade de gênero é intensificada pelo deslocamento forçado. Sabemos por nossas interações diárias que mulheres e meninas que vivem em crises humanitárias e conflitos armados correm maior risco.

“Tememos que a desigualdade de gênero existente ainda se aprofunde mais com os impactos das mudanças climáticas – o desafio para as mulheres é maior no acesso a recursos naturais, direitos legais, oportunidades de subsistência, redes de segurança formalizadas, acesso a tecnologia e informação.

“Neste mês das Mulheres, o ACNUR pede aos governos, à sociedade civil e a todas as pessoas e comunidades que enfrentem a desigualdade de gênero e que apoiem e promovam a liderança, a inclusão e a participação integral de mulheres e meninas deslocadas.

“De sua parte, o ACNUR está empenhado em amplas as respostas locais lideradas por mulheres e fortalecer sua colaboração com organizações lideradas por mulheres – especialmente aquelas lideradas por mulheres e meninas refugiadas, deslocadas internamente e apátridas.

“São necessários esforços conjuntos para trabalhar em parceria com mulheres e meninas deslocadas à força e transformar sistemas e normas sociais prejudiciais que perpetuam a desigualdade e a discriminação de gênero. Mulheres e meninas refugiadas e deslocadas à força não devem ser deixadas para trás.”

Imagem em destaque: Rabi Saley, 35, que fugiu do Mali após ataques em sua cidade natal, encontrou refúgio em Ouallam, Níger, onde trabalha em uma horta com outras mulheres refugiadas, deslocadas e locais. Crédito: Colin Delfosse/ACNUR

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