Hidrelétricas estão expulsando tigres e onças-pintadas de seus habitats

Inundar terras e represar a água para fins de geração elétrica é, de acordo com um estudo publicado na Communications Biology, um dos principais fatores que levam tigres e onças-pintadas a desaparecerem do lugar, expulsando-os de seu habitat. As barragens hidrelétricas convertem a energia da água corrente – muitas vezes armazenada em um reservatório criado a partir da inundação da terra – em eletricidade. Pesquisas anteriores sugeriram que a construção de barragens hidrelétricas poderia representar uma ameaça para os habitats de tigres e onças, mas a magnitude dessa ameaça não é clara.

Ana Filipa Palmeirim e Luke Gibson identificaram barragens hidrelétricas existentes e planejadas em países com populações de tigres e onças – como Índia e Indonésia ou Brasil e Bolívia – a partir de bancos de dados, estudos publicados e relatórios. Eles calcularam o impacto potencial da construção de barragens e reservatórios sobre essas espécies, comparando os locais das barragens com dados publicados sobre o tamanho e a localização dos habitats de tigres e onças e estimativas de tamanhos e distribuições populacionais.

Os pesquisadores identificaram 585 represas existentes e 470 planejadas que se cruzam com habitats de tigres e onças. Eles descobriram que 13.750 km2 de habitats de tigre e 25.397 km2 de habitats de onça-pintada foram inundados com o objetivo de criar reservatórios para as atuais represas hidrelétricas. Estima-se que isso tenha afetado mais de uma em cinco das populações de tigres conhecidas no mundo (entre 20,8 a 22,8%, 729 tigres) e uma em cada duzentas das populações de onças conhecidas no mundo (0,53%, 915 onças). Os pesquisadores também descobriram que as represas hidrelétricas planejadas devem afetar desproporcionalmente as onças-pintadas, com mais de 429 delas planejadas nos habitats das onças, em comparação com quarenta e uma nos habitats dos tigres. Embora relativamente menos represas sejam planejadas dentro de habitats de tigres, a maioria delas deve ser construída em áreas de conservação prioritárias.

Os autores recomendam que as futuras represas hidrelétricas sejam construídas longe de áreas planas, sujeitas a inundações, nas quais vivem as onças (como a bacia amazônica), e de áreas de conservação prioritárias, para evitar que essas espécies percam seus habitats.

Imagem em destaque: Uma onça-pintada no Pantanal brasileiro. Crédito: Steve Winter/National Geographic

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