Como os livros podem ajudar um jovem leitor a adquirir valores morais positivos?

As histórias contadas em um livro são importantes e podem desempenhar um papel de peso no modo como os jovens leitores assimilam os valores morais que seus pais desejam transmitir. Essa é a conclusão de um novo estudo realizado por um grupo de especialistas liderados por Lindsay Hahn, professora assistente de comunicação da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, e publicado recentemente no Journal of Media Psychology.

“Pais, cuidadores e professores costumam se perguntar como as histórias podem ser usadas para o bem. Como podem ser usadas para coisas boas? Como podem desencorajar os maus hábitos? Como podem educar?” – explica Hahn, especialista em psicologia e efeitos da mídia.

“Histórias podem apresentar os valores morais de diversos modos e fazer com que as crianças deem maior ou menor importância a esses valores, dependendo de como aquele determinado valor moral é destacado nas páginas do livro”, salienta. E completa: “responder àquelas perguntas começa com um melhor entendimento sobre como usar as histórias”.

“Quando os pais estão considerando que livros eles podem querer selecionar para seus filhos, eles podem levar em consideração qual valor moral específico está sendo enfatizado pelo personagem principal da história e como esse personagem é tratado por causa dessas ações”, orienta ela.

Muitos estudos anteriores se concentraram em conceituações amplas, tais como efeitos pró-sociais ou antissociais que podem estar associados a um conteúdo específico. O estudo de Hahn é diferente. Ele analisa o grau de influência que uma história exerce sobre as crianças que a leem quando a história dá ênfase a um conteúdo moral específico.

Para o estudo, Hahn e seus colegas escolheram o personagem principal de um romance para jovens adultos e produziram cinco versões diferentes a partir dele. Uma versão tratou do “cuidar do outro”. Uma outra versão tratou do “ser justo”. A terceira teve como foco o “ser leal”. A quarta discutiu o “uso da autoridade”. Na quinta, o personagem principal age sem se preocupar com essas questões morais.

Essas narrativas foram compartilhadas com cerca de 200 participantes, que tinham entre 10 e 14 anos de idade. Segundo Hahn, esta é uma faixa favorável para pesquisas de leitura porque é mais difícil introduzir a compreensão narrativa em crianças mais novas, ao mesmo tempo que é desafiador prender a atenção de adolescentes mais velhos, que ficam entediados com enredos rudimentares.

A equipe então criou uma escala projetada para medir a importância que as crianças dão aos valores morais e, então, determinar como os participantes foram influenciados pelas diferentes narrativas.

A pesquisa indica que as crianças que leem sobre características morais específicas absorvem essas características como se fossem um tijolo na construção da sua própria moralidade.

“Medir esses efeitos pode ser difícil”, diz Hahn. “É por isso que, além de testar nossa hipótese, outro objetivo da pesquisa foi desenvolver uma medida de valores morais para crianças. Nada parecido existe ainda, que saibamos.” Essa medida, observa Hahn, pode facilitar pesquisas futuras sobre os efeitos da leitura no público jovem.

Imagem em destaque: Universidade de Buffalo/Divulgação


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