Universidade dos EUA chega a acordo bilionário com vítimas de abuso sexual no campus
Uma conceituada e tradicional instituição de ensino superior dos Estados Unidos da América, a Universidade de Michigan (UM), divulgou ontem, 19, um acordo para tentar põr fim a um processo envolvendo acusações de abuso sexual por parte de um de seus profissionais da área da saúde. O acordo foi alcançado mais de três anos depois que um ex-aluno escreveu ao diretor de esportes da entidade denunciando abuso sexual por parte de um médico da universidade, fato esse ocorrido na década de 1970. Desde então, outras denúncias foram se somando à primeira e, hoje, o acordo envolve mais de 1.000 vítimas, que receberão 490 milhões de dólares (aproximadamente 2,7 bilhões de reais ao câmbio atual). O acordo foi aceito por 98 por cento dos reclamantes e abre condições para que participem dele os que agora decidiram não assiná-lo.
Em março de 2020, a universidade contratou um escritório de advocacia para assumir a investigação do caso. A empresa descobriu que o médico Robert E. Anderson estava envolvido em um “padrão generalizado e destrutivo de má conduta sexual que durou décadas” e atingiu centenas de estudantes da UM.
O resultado da investigação, divulgado em maio de 2021, concluiu que os funcionários da universidade sabiam da má conduta já em 1978. Mesmo assim, o abuso continuou por décadas. Anderson trabalhou na UM de 1966 a 2003. Ele morreu em 2008.
De acordo com o documento, a má conduta do médico “ocorreu em seus vários cargos na universidade e ao longo de sua carreira universitária – com pacientes que procuraram tratamento dele no Serviço de Saúde da Universidade, com estudantes-atletas que foram encaminhados a ele para exames de pré-requisito. participação em exames físicos, e com os estudantes da faculdade de medicina, onde Anderson era o responsável pelo ensino”.
Além de muitos pacientes que receberam exames de sensibilidade desnecessários ou inadequados, um grupo menor de vítimas descreveu experiências clínicas nas quais Anderson se envolveu em conduta abertamente sexual.
O relatório descreve que, ao longo de sua carreira de 37 anos na UM, a má conduta do médico “variou de realizar exames retais medicamente desnecessários em pacientes que procuravam tratamento para problemas totalmente não relacionados até a estimulação manual de pacientes do sexo masculino, além, entre outras coisas, fornecer serviços médicos em troca de contato sexual”.
Imagem em destaque: Universidade de Michigan