Sete maneiras de responder a comentários rudes sem colocar nada a perder

Sete maneiras de responder a comentários rudes sem colocar nada a perder

Quantas vezes você está conversando com alguém, comentando algo indiscutível, e, de repente, seu interlocutor dispara uma palavra, uma expressão rude que atinge seus nervos e machuca? A grosseria pode vir de um amigo mais próximo, um irmão, seu chefe ou de alguém totalmente estranho. Venha de quem vier, é provável que o resultado, em seu íntimo, seja um abalo. O problema é que a grosseria é contagiosa. Estudos recentes revelam que, diante de uma palavra ríspida, nossa tendência é reagir com rispidez. Outros estudos indicam que esse contratempo pode afetar nosso dia a dia, nos tornar menos criativos, mais agressivos e diminuir nosso desempenho profissional.

Então, como devemos agir para que as coisas não piorem? Aqui vão algumas dicas.

Olhe por um outro ângulo

Se alguém disser algo que o aborreça, pare e tente ver a situação sob um outro ângulo. “Nós, humanos, tendemos a presumir que as ações erradas de alguém têm a ver com o caráter dessa pessoa e não com as circunstâncias”, explica Kendal Cassidy, psicólogo PhD com clínica em Tacoma, Washington, nos EUA. Por exemplo, se alguém na rodovia acelera, ultrapassa o seu veículo e o fecha, você pode presumir que o motorista do outro carro está sendo rude. Mas pode ser que ele esteja correndo para o hospital mais próximo com a esposa em trabalho de parto.

No caso da grosseria, analisar o que ocorreu sob uma outra perspectiva nos ajuda a entender as ações de quem foi rude. Isso não justifica o comportamento ou a ação, mas pode ajudar você a criar um certo distanciamento da situação. Ter essa consciência e empatia pode fazer com que você se acalme primeiro para depois, se necessário, responder à ofensa.

Será que é preciso responder?

Raven Solomon, autora do livro “Liderando seus pais: 25 regras para uma liderança multigeracional eficaz para a geração Y e a geração Z” e palestrante que ajuda as organizações a se prepararem para o futuro levando em consideração as gerações, a igualdade racial e sua intersecção, destaca: para que alguém tenha o “direito” de emitir uma opinião a seu respeito, essa pessoa tem de ter estabelecido um relacionamento com você, tem de ter investido em você, ajudado você a ser melhor.

O esforço emocional ou o trabalho necessário para responder à grosseria pode ser muito penoso, ainda mais se o agressor não investiu em você, não investiu no relacionamento de vocês.

Saba Harouni Lurie, uma terapeuta familiar e matrimonial com clínica na cidade norte-americana de Los Angeles, Califórnia, concorda com Solomon. Segundo ela, você deve levar em consideração seu relacionamento com a pessoa que fez o comentário e quanto tempo e energia deseja investir na manutenção desse relacionamento.

Se decidir responder…

Se você decidir que deseja responder, há algumas maneiras de se proteger e fazer com que as coisas não piorem.

1. Não responda por impulso

Quando alguém lhe diz algo que magoa, reserve alguns segundos – ou minutos – para respirar, entrar em contato com seus sentimentos e refletir sobre sua resposta. Quando respondemos por impulso, normalmente não estamos pensando ou agindo com razão.

Quando paramos por um momento em vez de reagir, estamos nos dando a oportunidade de ser mais objetivos e de ver as coisas como elas são. Só então poderemos ser realmente assertivos com nossas palavras e estabelecer conversas proveitosas.

2. Use o silêncio

“Se a pergunta ou o comentário for intencionalmente antagônico ou desrespeitoso, não morda a isca e desligue-se”, diz o conselheiro Shemiah Derrick, autor do livro “As Palavras Entre Nós: Um Diário de 30 Dias para Casais se aproximarem e se comunicarem com Amor”, ainda não publicado no Brasil. “Sua reserva mostra mais maturidade do que tentar provar um ponto” – escreve ele.

Além disso, algumas pessoas “crescem” nos conflitos. Elas podem ter dito a coisa dolorosa para envolver você, puxar você para uma discussão. Se resistir, se não “morder a isca”, isso fará com que você sinta menos a agulhada daquelas palavras rudes e do que viria depois.

3. Defenda-se

Defender-se pode ser uma maneira poderosa de se sentir valorizado e dar ao relacionamento uma chance de não ser ferido com a troca de insultos, isso se você achar que vale a pena preservar o relacionamento.

Leah Aguirre, assistente social, psicoterapeuta e psicóloga clínica que atua em San Diego, Califórnia/EUA, recomenda o uso de declarações do ‘eu’, pois isso torna sua resposta menos agressiva. Por exemplo, diga ‘Eu me sinto desvalorizado quando você me chama de preguiçoso, porque eu trabalho muito’ ou ‘Quando me diz palavrões, eu me sinto desrespeitado e eu não quero mais falar ou trabalhar com você’ – sugere ela.

4. Estabeleça o seu limite

“As pessoas entendem melhor os limites quando esses limites estão claros, bem definidos”, diz o psicólogo Cassidy. “Pense em uma cerca. É uma linha clara que mostra onde termina a propriedade do seu vizinho e onde começa a sua propriedade. Você nunca iria ao seu vizinho para explicar o propósito de uma cerca – você simplesmente a construiria. O mesmo vale para os limites”, continua Cassidy. “Você não precisa explicar abertamente por que está traçando um limite; você só precisa declarar isso claramente. Exemplos de um limite bem definido: ‘Por favor, não me faça essa pergunta de novo’ ou ‘No futuro, eu irei embora se você fizer comentários desse tipo novamente’”.

5. Concentre-se no que pode controlar

Às vezes, não adianta argumentar com indivíduos que não estão abertos para a discussão ou não estão dispostos a assumir responsabilidade. De acordo com Leah Aguirre. “embora seja importante expressar e estabelecer nossos limites, é importante lembrar de que a pessoa que nos feriu pode não ser receptiva a um feedback. Se for esse o caso, não vale a pena perder o fôlego. Em vez disso, concentre-se no que você pode controlar, como limitar sua interação com quem agiu com grosseria, encerrar o relacionamento ou, na situação de relações de trabalho, até mesmo consultar o RH”, sugere.

6. Use a linguagem gestual

Às vezes, a melhor resposta para uma situação pode não ser verbal. Em vez disso, tente fazer com que quem foi grosseiro veja como as palavras ditas por ele fizeram você se sentir. Por exemplo, você pode tentar balançar a cabeça, dar um passo ou se afastar, sair da sala ou até mesmo mostrar sua dor com um gesto facial.

7. Inverta o script

Se a abordagem direta deixa você desconfortável, é possível usar uma outra: faça uma pergunta. Uma pergunta do tipo “o quê?” muda a dinâmica da conversa e força a parte ofensora a pensar ou repensar no que acabou de dizer.

“Você pode responder com uma pergunta sua que destaque o absurdo ou a falta de sensibilidade de quem o feriu”, explica Saba Lurie. “Ao fazer isso, você também pode levar a pessoa a refletir sobre o que a motivou a dizer o que disse e sobre o dano causado, mesmo que a intenção de quem agrediu não tenha sido causar dano” – conclui.

No final…

Não existe uma maneira perfeita de responder a uma grosseria ou a um comentário ofensivo de alguém. O que é “melhor” nessa situação depende do seu relacionamento com a pessoa, do seu nível de conforto e do que acha que faria você se sentir melhor.

Apenas lembre-se: “Se mais tarde você se arrepender de como lidou com a situação”, diz Cassidy, “tenha autocompaixão e lembre-se de que você fez o melhor que podia naquele momento, dados os recursos e as informações de que dispunha”.

Fonte: How to Respond to Rude or Inappropriate Remarks, texto de autoria de Simone M. Scully, tecnicamente revisado pela psicóloga clínica Jacquelyn Johnson, e publicado originalmente na revista Psych Central, com atualização em 29 de setembro de 2021. Traduzido e adaptado por Marco Antonio Rosa

Imagem em destaque: Pexels


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