Pinte o mundo de laranja: fim da violência contra as mulheres, agora!
No marco dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres (que se iniciam nesta quinta-feira, 25 de novembro), a ONU Brasil promove até o próximo 10 de dezembro a edição anual da campanha “Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Desenvolvida desde 2008, a campanha apoia os “16 Dias de Ativismo” e neste ano aborda o tema “Pinte o mundo de laranja: fim da violência contra as mulheres, agora!”.
A campanha pede união de esforços e de ações para garantir a vida e a dignidade a todas as mulheres e meninas, inclusive na recuperação da COVID-19. A pandemia exacerbou fatores de risco de violência contra esse grupo, incluindo desemprego e pobreza, e reforçou muitas das causas profundas, como estereótipos de gênero e normas sociais preconceituosas.
Estima-se que 11 milhões de meninas podem não retornar à escola por causa da COVID-19, o que aumenta o risco de casamento infantil. Estima-se também que os efeitos econômicos prejudiquem mais de 47 milhões de mulheres e meninas vivendo em situação de pobreza extrema em 2021, revertendo décadas de progresso e perpetuando desigualdades estruturais que reforçam a violência contra as mulheres e meninas.
“A campanha aborda as diferentes causas da violência contra mulheres e meninas e demonstra por meio de ações e propostas concretas os diferentes caminhos para superar esse problema”, explica a coordenadora residente do Sistema ONU no Brasil, Silvia Rucks. “A violência contra mulheres e meninas afeta a todas e todos nós e depende do engajamento das pessoas, das empresas e das instituições públicas e privadas para ser superada”, completa.
Campanha no Brasil – Com o mote “UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres e meninas – Vida e dignidade para todas”, a campanha da ONU deste ano tem como foco visibilizar a complexidade da violência contra as mulheres e meninas, em que suas identidades e condições de vida acentuam e ampliam vulnerabilidades para mulheres e meninas negras, indígenas, quilombolas, LBTQIAP+ (lésbicas, bissexuais, trans, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais, entre outras), com deficiência, idosas, migrantes e refugiadas.
A campanha evidencia que a violência contra mulheres e meninas não ocorre apenas no ambiente privado: dentro de casa ou no corpo (como no caso da violência doméstica e da violência sexual). Ela também está presente em espaços públicos, no ambiente de trabalho, na política institucional, nos esportes, nos ambientes online, nos meios de comunicação, e no contexto da promoção e defesa de direitos. A campanha destaca também as formas de prevenção e eliminação das diversas formas de violência. Para tanto, além do trabalho das Nações Unidas, a campanha apresenta iniciativas e histórias de mulheres que defendem direitos e promovem a igualdade de gênero.
Ela foi inaugurada com a iluminação na cor laranja do Congresso Nacional, em Brasília, em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra; e do Abrigo Rondon V, em Boa Vista (Roraima), de 20 a 26 de novembro, que acolhe meninas e mulheres refugiadas e migrantes da Venezuela. Ainda está programada a iluminação laranja da Casa da Mulher Brasileira, também em Boa Vista (RR), de 27 de novembro a 4 de dezembro. Em Roraima, a ONU Brasil apoia a resposta humanitária do governo brasileiro a pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela, com abordagens focadas nas mulheres e meninas.
O evento on-line “Juntas e juntos para pôr fim à Violência contra Defensoras de Direitos Humanos e do Meio Ambiente”, acontece no dia 29 de novembro, assim como diversos conteúdos publicados nas redes sociais e site da ONU Brasil e de instituições parceiras. As ações pretendem ampliar a conscientização e responsabilização de toda a sociedade para a realidade da violência contra mulheres e meninas e chamar para a ação conjunta, em um concreto engajamento.
Para o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas, a campanha incorpora questões pertinentes à realidade das mulheres e meninas refugiadas no Brasil e em todo o mundo. Para ele, os desafios enfrentados pelas mulheres refugiadas são ainda maiores, uma vez que elas “acumulam responsabilidades de cuidados com a casa, a família e a vida financeira. E quem passa por uma situação de deslocamento forçado se encontra em maior situação de vulnerabilidade”, completa.
“Vale ressaltar que o empoderamento das mulheres e meninas refugiadas deve ser parte dos esforços de reconhecimento de seus direitos, pois é fundamental para acabar com o ciclo de violência e construir uma sociedade mais justa, onde suas vozes sejam amplificadas e ouvidas”, comenta o representante do ACNUR no Brasil.
16 Dias de Ativismo – A campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que completa 30 anos em 2021, foi criada por ativistas do Instituto de Liderança Global das Mulheres em 1991.
Desde então, mais de 6.000 organizações em 187 países participaram da campanha, alcançando 300 milhões de pessoas. Ela continua a ser coordenada, a cada ano, pelo Centro para Liderança Global de Mulheres (CWGL, na sigla em inglês) e é usada como estratégia de organização por pessoas, instituições e organizações em todo o mundo para prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas.
Em todo o mundo, os 16 Dias de Ativismo abrangem o período de 25 de novembro (Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres) e 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). No Brasil, a mobilização se inicia em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, para buscar ações de combate ao racismo e ao sexismo e pelo enfrentamento à violência contra mulheres e meninas negras.
Fonte: ACNUR Brasil