Estudioso cria escala para medir grau de ansiedade em deficiente visual que vai ao dentista
Só de entrar no consultório dentário, muita gente experimenta um certo frio na barriga, o batimento cardíaco mais acelerado. A ansiedade odontológica é um fenômeno caracterizado por sentimentos de tensão, apreensão, nervosismo e preocupação que podem levar uma pessoa a encarar o tratamento de dente como uma ameaça e, consequentemente, fazer com que ela resista a ele ou crie dificuldades para o trabalho do dentista. S isso já é comum em pessoas que enxergam perfeitamente, imagine o que acontece em alguém que tem baixa ou nenhuma visão.
Diante desse quadro, Lucas Rodrigues Teles, pesquisador da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), salienta ser necessário que o profissional da área tenha acesso a instrumentos capazes de avaliar a ansiedade odontológica, o que vai permitir que ele planeje a melhor maneira de realizar o seu trabalho em cada caso clínico. O problema, ressalta o especialista, é que as ferramentas atuais para fazer essa análise em geral não levam em conta as especificidades do público.
Pensando nisso, ele criou uma escala destinada a crianças e adolescentes brasileiros com deficiência visual. Seu ponto de partida foi uma escala tátil desenvolvida na Índia e contou com a parceria do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da Escola de Engenharia da Universidade para chegar à versão nacional.
Criada a escala B-RMS-TS, o passo seguinte foi testá-la. Participaram dos testes 10 crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos de idade pertencentes ao Instituto São Rafael, em Belo Horizonte. A média de idade foi de 13,6 anos, sendo que os meninos representaram 60 por cento da amostra. Cinco participantes tinham baixa visão e cinco apresentavam cegueira. Nove dos participantes declararam sentir algum grau de ansiedade odontológica.
O trabalho Validação da escala tátil B-RMS-TS destinada a crianças e adolescentes brasileiros com deficiência visual foi premiado no sexto Congresso Internacional Transdisciplinar sobre a Criança e o Adolescente – Novos Horizontes, realizado no ano passado.