
O que os segredos mais íntimos de grandes escritoras revelam sobre a literatura — e sobre o amor?
Em Diário do fim do amor, Ingrid Fagundez desvenda o poder subversivo dos diários íntimos, gênero historicamente relegado às margens da literatura, mas essencial para entender a voz das mulheres na escrita. Por que os cadernos pessoais de Sylvia Plath, Virginia Woolf, Susan Sontag e outras autoras se tornaram não apenas espaços de desabafo, mas ferramentas de resistência e criação? Misturando análise histórica, trechos de sua própria experiência amorosa e fragmentos dos diários dessas icônicas figuras, Fagundez constrói um ensaio híbrido que desafia a noção de “literatura menor”.
A obra traça a evolução dos diários: de registros públicos masculinos, no século 18, a refúgios da intimidade feminina no século 19, quando mulheres encontraram neles um dos únicos territórios permitidos para expressar desejos, angústias e questionamentos. “É impossível ‘capturar a vida’ sem diários”, dizia Plath — e é nessa fronteira entre o pessoal e o universal que Fagundez navega, mostrando como a escrita íntima moldou a literatura moderna. O amor (e sua ausência) surge como fio condutor: se a paixão alimenta a criação, seu fim revela-se um catalisador ainda mais potente, capaz de expor as fissuras entre o que se vive e o que se narra.
Ao entrelazar relatos de rompimentos afetivos com análises sobre Katherine Mansfield e Marie Bashkirtseff, a autora não só ilumina os bastidores da obra dessas escritoras, mas também questiona os estereótipos da “literatura feminina”. Nas palavras de Tatiana Salem Levy, este é um livro sobre “a imensidão do mundo contida nas pequenas experiências”. Uma investigação urgente sobre como os diários, longe de meros desabafos, são atos políticos — e como o amor, mesmo quando acaba, permanece como matéria-prima da arte.
Editora indica que livro estará nas livrarias a partir de 10 de março.