Colesterol. Médicos aconselham monitorar níveis de gordura no sangue desde os 10 anos de idade

Colesterol. Médicos aconselham monitorar níveis de gordura no sangue desde os 10 anos de idade

Segundo dados do Ministério da Saúde, quatro em cada 10 brasileiros têm colesterol alto, responsável por originar graves doenças vasculares. Todo dia é dia de cuidar da saúde e do bem-estar, mas algumas datas foram criadas para nos lembrar de cuidados específicos que podem ajudar a combater as principais causas de mortes no mundo. O dia 8 de agosto foi estabelecido como a data nacional de combate ao colesterol, uma das principais causas de doenças do coração.

De acordo com a World Heart Federation, o colesterol é responsável por 2,6 milhões de mortes por ano no mundo, o que corresponde a 4,5% dos óbitos relacionados a doenças cardiovasculares. Apenas no Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que, até o fim de 2022, quase 400 mil cidadãos brasileiros morrerão por doenças do coração e da circulação.

O colesterol é uma gordura presente no organismo humano responsável por diversas funções vitais. O problema é quando as taxas de colesterol estão elevadas. Quando isso ocorre, as chances de que essa gordura se deposite nas paredes de veias e artérias aumentam muito, criando a chamada aterosclerose. “Desenvolvemos pequenas placas de gordura por toda a nossa vida. Dentro delas temos muitas coisas, como células inflamatórias, fibras elásticas e, principalmente, colesterol”, diz o médico cardiologista Fabio Fernandes. “Quanto mais colesterol existe dentro dessa placa de gordura, maior a chance dela se romper. Quando a placa se rompe nas artérias, temos um infarto. Se acontece na carótida, temos um AVC”, explica Fernandes.

O colesterol é um tipo de gordura que desempenha funções importantes, como a produção da bile – que ajuda na digestão dos alimentos – e na formação de hormônios como testosterona, estrógeno e a vitamina D. Ele é dividido em duas categorias: o LDL (conhecido como colesterol ruim), que acarreta o acúmulo de placas de gordura ou aterosclerose nas artérias, impedindo o fluxo de sangue aos órgãos, e assim gera o risco de infartos, AVCs, graves úlceras, necroses, gangrena e até a perda do membro. Em pacientes portadores de doença cardiovascular (angina, infarto, derrame cerebral) ou doença nas artérias periféricas, o LDL é considerado alterado quando possui valor maior que 50 mg/dL. Já nos pacientes sem doenças cardiovasculares, é classificado como alto quando os níveis estiverem acima de 70 mg/dL. O HDL (chamado de colesterol bom) atua como um limpador, pois retira o colesterol das artérias e o transporta até o fígado para ser excretado. Neste caso, o seu nível deve ser alto, acima de 40mg/dL.

Por prejudicar diretamente o fluxo sanguíneo, o acúmulo de gordura põe em risco a saúde vascular, como explica Fabio H. Rossi, médico que preside a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP). “As placas de gordura originam diferentes doenças, dependendo de onde elas obstruem a circulação. No cérebro, aumentam as chances de derrame. Já no coração, podem causar infarto ou angina (dor no peito). A aterosclerose é perigosa, já que a evolução muitas vezes é silenciosa. Nas artérias da perna há o perigo da formação de trombo, com obstrução parcial ou total do vaso, podendo provocar dor ao caminhar, e até provocando necrose e necessidade de amputação, nos casos mais graves, esse risco é ainda maior nos pacientes diabéticos”.

O presidente da SBACV-SP destaca que a condição é grave mesmo quando ela não tem sintomas. “Na existência de Doença Arterial Periférica, mesmo em assintomáticos, quando o diagnóstico é feito pela observação da redução dos pulsos, ou quando existe diferença na pressão medida nas artérias de braços e pernas – que chamamos de índice tornozelo-braquial – os perigos à saúde são altos. Quando esse índice é menor que 0,9, ele é consideramos um forte marcador de risco de morte cardiovasculares. Aliás, essa possibilidade é de duas a três vezes maior do que na população em geral. A a chance de morte é até maior do que em pacientes que já tiveram infarto previamente”, declara.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional da Saúde, a população com 45 anos ou mais, com baixa escolaridade e do sexo feminino apresenta maior prevalência em manifestar colesterol alto. São elas que também acabam sofrendo os impactos na saúde vascular. “A mulher tem as mesmas doenças vasculares que o homem, mas ocorre em média 10 anos depois, ou seja, as mulheres têm a proteção hormonal do estrogênio até a menopausa, período em que o organismo reduz a produção do hormônio”, esclarece Rossi.

A partir dos 10 anos de idade

Segundo André Faludi,, chefe da Seção Médica de Dislipidemias do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em relação à idade, a condição pode atingir diferentes faixas etárias, sempre considerando a predisposição genética. “Todas as pessoas acima dos 10 anos de idade devem ser submetidas à avaliação do colesterol e suas frações. Precisa ser analisada a partir dos dois anos de idade quando houver história familiar de doença cardiovascular precoce, história de colesterol alto na família ou se a própria criança apresentar depósitos de gordura na pele ou fatores de risco, como pressão alta, diabetes ou obesidade, e principalmente se for portador de doença cardiovascular”.

Um estilo de vida saudável, com o consumo moderado de alimentos gordurosos e a prática de exercícios físicos, é a principal ferramenta de prevenção da doença. O dr. Faludi recomenda dar preferência a alimentos de origem vegetal – frutas, verduras, legumes e grãos – e evitar frituras, não fumar e controlar a pressão arterial. “É aconselhado limitar a ingestão de gorduras saturadas, diminuir os alimentos ricos em colesterol, como gema de ovo e fígado, e usar derivados de leite pobres em gordura, a exemplo do leite e iogurte desnatados”.

A visita regular ao médico é fundamental para evitar maiores complicações, principalmente por se tratar de uma doença silenciosa e que pode vir a ser descoberta apenas em cenários onde já não há possibilidades de reversão. “Trata-se de um quadro de saúde silencioso e que a única maneira de saber os níveis de colesterol é por meio do exame de sangue. Esse pode ser um problema, porque quando a doença dá sinais e sintomas isquêmicos o caso já está avançado”, finaliza o especialista.

A SBACV-SP tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. A entidade representa os médicos que atuam nas especialidades de Angiologia e de Cirurgia Vascular, nas áreas de atuação de Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular, Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia, Ecografia Vascular e outras áreas afins às especialidades.

Imagem em destaque: Divulgação

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