China é a terceira nação do mundo a explorar o solo do planeta Marte

China é a terceira nação do mundo a explorar o solo do planeta Marte

Tianwen-1, a primeira espaçonave chinesa a explorar um planeta além da Terra, pousou em Marte na manhã do sábado, 15 de maio. A informação foi confirmada pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA, na sigla em inglês). A nave espacial, composta por um orbitador, um pousador e um explorador, foi lançada do Centro de Lançamento de Naves Espaciais de Wenchang, na Província de Hainan, sul da China, em 23 de julho de 2020. É o primeiro passo do país na exploração planetária do sistema solar, com o objetivo de realizar de uma só vez as operações de orbitar, pousar e explorar. A missão “é um grande salto para a China porque eles estão fazendo de uma só vez o que a NASA levou décadas para fazer”, diz Roberto Orosei, cientista planetário do Instituto de Radioastronomia de Bolonha, na Itália.

O nome Tianwen, que significa “Perguntas ao Céu”, vem de um poema escrito por Qu Yuan (cerca de 340-278 a.C.), um dos maiores poetas da China antiga. Já o primeiro explorador chinês de Marte recebeu o nome de Zhurong em honra ao deus do fogo na antiga mitologia chinesa, que corresponde ao nome chinês do planeta vermelho: Huoxing (o planeta do fogo).

Com o feito, a China torna-se a terceira nação – depois da Rússia e dos Estados Unidos – a pousar uma espaçonave no planeta vizinho.

Zhurong agora se junta a várias outras missões ativas em Marte. O rover Perseverance, da NASA, que chegou em 18 de fevereiro , está a várias centenas de quilômetros de distância do local de pouso, enquanto o rover Curiosity, também da NASA, está vasculhando o planeta desde 2012. Várias espaçonaves também estão circulando Marte, incluindo o orbitador Hope, dos Emirados Árabes Unidos, que chegou em fevereiro. “Quanto mais exploradores em Marte, melhor”, diz David Flannery, astrobiólogo da Queensland University of Technology em Brisbane, Austrália.

Dentro de alguns dias, Zhurong, o veículo espacial de seis rodas movido a energia solar, sairá da sonda para explorar o planeta por pelo menos três meses – mas pode sobreviver por anos, como aconteceu com os robôs Spirit e Opportunity, da NASA .

O pouso

A nave espacial entrou na órbita de Marte em fevereiro, depois de uma viagem de quase sete meses no espaço, e levou mais de dois meses para avaliar as potenciais áreas de pouso.

Nas primeiras horas do sábado, a nave espacial começou o processo de pouso a partir de sua órbita estacionária e a cápsula de entrada que continha o pousador e o explorador se separou do orbitador por volta das 4h.

Depois de voar por aproximadamente três horas, a cápsula de entrada moveu-se rapidamente para o planeta vermelho e entrou na atmosfera de Marte a uma altitude de 125 quilômetros, iniciando a fase mais arriscada de toda a missão.

Primeiro, a forma aerodinâmica especialmente desenhada da cápsula de entrada se desacelerou com a fricção da atmosfera marciana. Quando a velocidade da nave espacial diminuiu de 4,8 quilômetros por segundo para 460 metros por segundo, um enorme paraquedas que cobria uma área de 200 metros quadrados foi aberto para continuar reduzindo a velocidade para menos de 100 metros por segundo.

Depois o paraquedas e o escudo exterior da nave espacial foram descartados, expondo o pousador e o explorador, e o retrofoguete do pousador foi ativado para reduzir ainda mais a velocidade da nave a quase zero.

Aproximadamente a 100 metros do solo, a nave se manteve suspensa para identificar obstáculos e mediu os declives da superfície. Evitando os obstáculos, selecionou uma área relativamente plana e pousou lentamente, de maneira segura com suas quatro patas amortecedoras, numa extensa, ampla e plana bacia batizada com o nome de Utopia Planitia e que se formou há bilhões de anos quando um objeto menor colidiu com a superfície marciana.

A descida da nave através da atmosfera marciana, que durou cerca de nove minutos, foi extremamente complicada pois não é possível controlá-la a partir da Terra e teve de ser dirigida pela nave espacial de forma autônoma, explicou Geng Yan, funcionário do Centro de Programa Espacial e Exploração Lunar da CNSA.

“Cada passo tinha uma só oportunidade e as ações estavam estreitamente ligadas. Se houvesse alguma falha, o pouso teria fracassado”, afirmou ele.

Com informações da Xinhua e Nature.
Foto em destaque: Imagem da superfície de Marte feita pela sonda chinesa Tianwen1 em 4 de março – Crédito: CNSA

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