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Tese revê os acontecimentos da Guerra de Canudos sob outros ângulos

Euclides da Cunha, escritor e jornalista brasileiro, é o autor de Os Sertões, a obra mais famosa sobre a Guerra de Canudos, conflito que ocorreu em 1896 e 1897, no interior da Bahia. No livro, Euclides da Cunha descreve a guerra como um evento extremamente violento e marcado pelo fanatismo religioso. Mas essa é apenas uma forma de narrar a história de Canudos. Existem outras. O professor Tarcísio Cordeiro, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, decidiu investigá-las durante sua pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

No trabalho Histórias de um trauma: memórias, testemunhos e ficção sobre a guerra de Canudos, Tarcísio Cordeiro fez um levantamento bibliográfico e analisou seis outras obras além de Os sertões, dentre elas o Memorial de Vilanova, de Nertan Macedo. Nesse texto, o foco não é o relato da guerra em si, mas a vida ordinária do sertanejo.

Ao investigar essas outras perspectivas sobre a Guerra de Canudos, o trabalho chama a atenção para o fato de que, quando se narra um determinado evento, alguns fatos e personagens podem ganhar mais destaque, enquanto outros passam por processos de apagamento. Lembrar e esquecer são também atos políticos, e a literatura pode ter um papel importante na releitura dos fatos históricos.

Escreve Tarcísio Cordeiro em certo trecho de seu trabalho: “A ficção, especialmente, pode restabelecer pontes que a destruição material impôs aos rastros, quer seja pelo extermínio dos seres humanos ou mesmo dos documentos que dizem respeito aos eventos históricos. Em tais ocasiões, a literatura alargou o escopo do arquivo oficial, possibilitando o registro do que a pena oficial não realizou, ou não pôde realizar. A arte, então, visibiliza enunciados que os discursos autorizados ignoravam, rompendo com a interdição das memórias dissentâneas. Trata-se, por exemplo, de violências de toda ordem contra populações tradicionais e povos que passam, a partir da ficção, a ser redimensionadas, inclusive no plano histórico, o que possibilita reinterpretar ou, pelo menos, indagar feitos entendidos como heroicos ao projeto nacional”.

Foto em destaque: Cadáveres nas ruínas de Canudos – Colecao Flávio de Barros – Acervo do Museu da República. Instituto Brasileiro de Museus Ministério do Turismo.

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