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Livro registra a beleza arquitetônica do Mosteiro da Luz em São Paulo, erguido por Frei Galvão

Considerada a mais importante construção arquitetônica colonial do século 18 em São Paulo, o Mosteiro da Luz foi construído a partir de 1773 por Frei Galvão. Seu prédio é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). Agora sua história ganha as 180 páginas de Mosteiro da Luz, obra póstuma do arquiteto, urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP Benedito Lima de Toledo, lançado no último sábado, dia 2, no próprio mosteiro, onde funciona também o Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Em 2019, após extensa pesquisa sobre a Igreja e o Mosteiro da Luz, Toledo finalizou a obra, mas morreu antes de vê-la publicada. Editada pela KPMO Cultura e Arte, tem coordenação geral de sua mulher, Suzana Alessio de Toledo, prefácio do professor Gabriel Frade, da Faculdade de Teologia do Mosteiro de São Bento de São Paulo, e apresentação de Lúcio Gomes Machado, arquiteto e professor da FAU, além de ensaio fotográfico de Maíra Acayaba. “Benedito Lima de Toledo marcou o modo como conhecemos a cidade”, escreve Lúcio Machado, e informa ainda que “ele foi um dos responsáveis pela elaboração do primeiro levantamento sistemático de bens arquitetônicos de São Paulo, que resultou na primeira lei urbanística de proteção a bens culturais”.

Autor de obras fundamentais sobre a evolução da capital paulista, como São Paulo: Três Cidades em Um Século (Duas Cidades, 1981), em seu último trabalho o urbanista voltou-se para o Mosteiro da Luz, que até hoje preserva suas características arquitetônicas de caráter religioso e técnicas construtivas em taipa de pilão. Utilizando iconografia de imagens e registros de viajantes, pintores e fotógrafos, o livro narra vários episódios desse marco arquitetônico e religioso da cidade de São Paulo, “que começou em 1773, quando foi construído para ser de ‘recolhimento de mulheres, devotas da Divina Providência, para orar continuamente diante do Santíssimo’, até seu fechamento inesperado e a reabertura que inspirou Frei Galvão a edificar uma nova construção, para dar vida ao Mosteiro da Luz que conhecemos hoje”, como divulga a Editora KPMO Cultura e Arte em seu site.

Benedito Lima de Toledo foi membro da Academia Paulista de Letras (APL) e atuou na FAU como professor titular de História da Arte e Arquitetura. “Benedito Lima de Toledo formou gerações de alunos. Não conheço arquiteto que, tendo sido seu aluno, não se tornou seu admirador e mesmo seu amigo”, conta Machado na apresentação. “Participou do curso de Formação em Artes da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), como professor assistente de Flavio Motta, na Faculdade de Arquitetura de Santos, na Faculdade de Arquitetura do Mackenzie e na FAU, onde ingressou como professor assistente de Eduardo Kneese de Mello”, escreve.

Segundo Machado, foi na FAU que Toledo, por décadas, desenvolveu sua carreira de pesquisador, dedicando-se à formação de milhares de alunos na graduação e na pós-graduação, como docente e orientador. “Na FAU, obteve os títulos de Especialista, Doutor, Livre-Docente e, finalmente, Professor Titular. A rigor, sua paixão pela pesquisa inicia-se ainda quando estudante, participando do Centro de Estudos Folclóricos, abrigado no Grêmio da FAU, do qual foi presidente. Após sua aposentadoria, continuou suas pesquisas de forma ainda mais intensa”, informa.

“São Paulo é um palimpsesto. Com essa definição proposta em São Paulo: Três Cidades em Um Século, Benedito Lima de Toledo marcou o modo como conhecemos a cidade, o que também pode ser tomado como sua linha de vida intelectual”, acrescenta Machado, que também na apresentação relembra a trajetória do arquiteto e urbanista, dividindo-a em camadas. “Uma primeira grande camada do seu palimpsesto pessoal é constituída por estudos sobre a urbanização de São Paulo, seus planos para a cidade, o Vale do Anhangabaú, a Avenida Paulista e o registro iconográfico de sua transformação por meio de desenhos e fotografias, destacando-se o estudo das fotografias de Militão Augusto de Azevedo e das imagens de Benedito Calixto de Jesus sobre a cidade. Outra camada cultural reúne os estudos sobre os arquitetos e engenheiros que construíram São Paulo.”

Uma importante faceta das pesquisas do arquiteto, segundo Machado, é “a atenção aos caminhos de acesso a São Paulo, destacando-se a descoberta da Calçada do Lorena, abandonada no século 19 e encoberta pela Mata Atlântica da Serra do Mar”. Como ele comenta, “os seus estudos sobre o Caminho do Mar subsidiaram o tombamento desse conjunto de bens pelo Condephaat”. E conclui: “Os estudos críticos sobre o Período Jesuítico, o Barroco, o Ecletismo e o movimento Art Nouveau cimentam essas camadas e formam um todo fundamental para o conhecimento da cultura paulista e brasileira”.

Capa do livro Mosteiro da Luz – Foto: Divulgação

Marcello de Oliveira, diretor de arte de Mosteiro da Luz e ex-aluno de Toledo, deixa uma homenagem no site da editora: “O grande mestre Benedito Lima de Toledo nos deixou no dia 31 de julho de 2019. Felizmente teremos a sua memória registrada em cuidadosos estudos que desenvolveu ao longo de sua atuação profissional como arquiteto, pesquisador e professor da FAU. Tenho imensa satisfação por ter compartilhado com ele a elaboração desses cuidadosos trabalhos de edição de livros que registram a história da arquitetura e do urbanismo da cidade de São Paulo”.

Fonte: Jornal da USP/Cláudia Costa – Imagem em destaque: O interior do mosteiro, em imagens de Maíra Acayaba extraídas do livro de Benedito Lima de Toledo

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