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Janeiro começa com campanha voltada para a saúde mental da população

Janeiro é o mês em que as pessoas traçam metas e definem seus objetivos para o ano que se inicia, levando à importante sensação de recomeço. Por isso, em 2014, os profissionais da área da saúde, escolheram o primeio mês do ano para chamar a atenção de todos para a questão da saúde mental. Por isso também, como vamos escrever novos capítulos em nossa vida e as páginas de 2022 ainda estão sem nenhuma anotação, a campanha recebeu o nome de Janeiro Branco.

Um pouco sobre o panorama atual de saúde mental dos brasileiros, pesquisas preliminares feitas pelo Ministério da Saúde no ano de 2020, apontam que a Ansiedade foi, e continua sendo, o transtorno mais prevalente na população, principalmente durante o período pandêmico.

Foi constatada a elevada proporção de ansiedade (86,5%), a presença de distúrbio de estresse pós-traumático (45,5%), e de depressão em sua forma mais grave (16%). Os dados são provenientes de questionários e escalas para rastreio das condições mentais dos pesquisados.

Associada à preocupação demasiada com o futuro e ao medo de não ter controle sobre situações, a ansiedade, que é um reação biológica natural do ser humano, torna-se um transtorno quando sua intensidade e frequência aumentam excessivamente.

Priscila Dossi, psiquiatra geral especialista em psiquiatria infantil e da adolescência e transtornos do periparto, diz que os tipos de ansiedade mais comuns são: agorafobia, ansiedade generalizada, fobia social, transtornos fóbicos específicos.

Ela também aponta alguns sinais e sintomas que podem estar presentes no individuo com ansiedade:

  • Medo
  • Aumento do batimento cardíaco
  • Tremores
  • Tontura
  • Suor em excesso
  • Dificuldade para respirar
  • Agitação ou sensação de nervosismo/tensão
  • Cansaço fácil
  • Dificuldade de concentração
  • Irritabilidade
  • Tensão muscular
  • Alterações no sono

A especialista também afirma que outro transtorno muito comum é o Distúrbio de Estresse Pós-Traumático, que se desenvolve naquelas pessoas que passaram por um fator estressor grave. De acordo com a psiquiatra, esse transtorno pode causar muito sofrimento e prejudicar a vida profissional e afetiva dos indivíduos, além de também trazer prejuízos  para outras áreas da vida.

Alguns sintomas apresentados pelo Distúrbio de Estresse Pós-Traumático são:

  • Frequente sensação de ansiedade
  • Insônia ou dificuldades para dormir; como sono agitado e pesadelos frequentes
  • Crises de raiva
  • Pensamentos assustadores
  • Aumento de frequência cardíaca
  • Suor excessivo

Outro transtorno mental comum é a Depressão, considerada o “mal do século XXI”. Geralmente é um quadro silencioso e que vem aumentando a cada ano. “A depressão é um distúrbio afetivo que pode atingir toda a humanidade, apresentando tristeza, baixa autoestima, pessimismo, falta de prazer na vida e nas atividades que antes prazeirosas, dentre outros sintomas“, diz ela.

Um pouco sobre a psicofobia

O termo foi criado pelo Dr. Antônio Geraldo, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) para descrever o preconceito contra as pessoas que sofrem com deficiências e/ou transtornos mentais. Um dos geradores do estigma é a falta de conhecimento e compreensão do assunto. Infelizmente, muito desse preconceito tem a sua origem dentro das nossas próprias casas.

“Ainda hoje, pessoas que buscam ajuda profissional no meio psiquiátrico, ou com a psicologia, são estigmatizadas. Por isso muitos, mesmo cientes de seu transtorno, não procuram ajuda psiquiátrica por receio ou vergonha”, diz Dossi, que complementa: “É preciso que a população geral entenda o que são os distúrbios mentais, e que nenhum de nós está isento de, em algum momento da vida, sofrer com ansiedade, depressão ou algum outro transtorno mental, mais ou menos grave, não importando quão saudáveis aparentemente somos”. De acordo com ela, a falta de informação aliada a ideias falsas acaba alimentando e aumentando a psicofobia.

A realidade atual, em especial nestes últimos dois últimos anos, é que a saúde mental tem estado mundialmente fragilizada, sendo que alguns transtornos são mais fáceis de ser mantidos em sigilo, outros são mais evidentes. Independentemente, o que importa neste momento é que qualquer pessoa, pertencente a qualquer classe social e gênero, percebendo alguma alteração em seu comportamento, deve imediatamente buscar ajuda.

Hospitais locais e postos de saúde, estão preparados para atender os que precisam de ajuda. “O importante é que ninguém minimize os problemas, por menor que pareçam, pois sem saúde mental não há vida”, conclui a psiquiatra.

Saúde mental é questão coletiva, não individual

Para o Instituto Bem do Estar, a saúde da mente é algo que deve ser falado, compartilhado e debatido por todas as pessoas – até que vire parte do cotidiano. Com esse objetivo, as ações do instituto englobam conscientizar, conectar e mobilizar as pessoas sobre a saúde da mente. Afinal, diz Isabel Marçal, uma de suas fundadoras, a saúde da mente é uma questão coletiva e não apenas individual e deve ser vista por um olhar sistêmico.

Um relatório da Organização Mundial da Saúde de 2017 apontava que 322 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com depressão, a maioria mulheres. E que um a cada três seres humanos convive com distúrbios relacionados à ansiedade. Este mesmo relatório alertava para o fato de o Brasil ser o campeão mundial em casos de ansiedade e o primeiro em ocorrências de depressão da América Latina. Na prática, ocupamos postos em um ranking muito preocupante!

Contra os manicômios

Isabel ressalta a importância de movimentos antimanicomiais. “Há aproximadamente 40 anos, os manicômios ainda eram estabelecidos no Brasil, onde pacientes eram internados por tempo indeterminado e submetidos a práticas desumanas. Por incrível que pareça, as práticas terapêuticas manicomiais voltaram a ser utilizadas e, desde 2019, são frequentes, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS), e respaldadas por movimentos políticos, mostrando que ainda estamos longe de torná-las inexistentes” ressalta.

O reconhecimento da relevância da saúde da mente para a vida da humanidade é evidenciado pela sua inclusão como parte da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A agenda, promovida pela Organização das Nações Unidas em 2015, apresenta explicitamente em seu Objetivo 3.4 os compromissos de reduzir a mortalidade por doenças não transmissíveis através da prevenção e tratamento e promover a saúde mental e o bem-estar. Em 2018, foi lançado o Movimento de Saúde Mental Global, no qual as ações têm contribuído para qualificar a dimensão da negligência global dos efeitos sociais dos transtornos mentais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), diversos fatores podem colocar em risco a saúde da mente dos indivíduos, Entre eles estão: rápidas mudanças sociais, condições de trabalho estressantes, discriminação de gênero, exclusão social, estilo de vida não saudável, violência e violação dos direitos humanos. A promoção da saúde da mente envolve ações que permitam às pessoas adotar e manter estilos de vida saudáveis, tendo em vista os principais fatos citados a seguir:

  • A saúde da mente é mais do que a ausência de transtornos mentais.
  • A saúde da mente é uma parte integrante da saúde; na verdade, não há saúde sem saúde mental.
  • A saúde da mente é determinada por uma série de fatores socioeconômicos, biológicos e ambientais.
  • Estratégias e intervenções de saúde pública e intersetoriais são de extrema importância para promover, proteger e restaurar a saúde mental.

A organização preparou para este ano um conteúdo especial, com artigos, vídeos, podcasts, entrevistas e reflexões, desenvolvido pelos colunistas voluntários: especialistas de diversas áreas e pessoas que passaram ou passam por questões de saúde da mente. O tema deste ano será A saúde da mente é uma questão coletiva e não apenas individual. Acesse: www.bemdoestar.org/janeiro-branco-2022.

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