Estudo estima que agricultor fique com apenas 27% do que você gasta para se alimentar

De tudo o que você gasta com alimentação em sua casa, os agricultores ficam com cerca de 27 por cento. Esse é o principal resultado de um artigo que acaba de ser publicado na Nature Food. Os restantes 73 por cento ficam na cadeia de valor “depois da porteira”, isto é, depois que o produto sai da fazenda. Esse cálculo pode ajudar na formulação de políticas públicas voltadas para uma distribuição mais igualitária dos ganhos com alimentos.

As cadeias de abastecimento de alimentos abrangem produção, processamento, distribuição e consumo. A implementação de intervenções bem direcionadas em todas essas fases é essencial para o desenho de incentivos e regulamentos necessários para que vários objetivos de sustentabilidade sejam atingidos. No entanto, os segmentos da cadeia de suprimentos e sua magnitude – especialmente em relação a outros países ou setores da economia nacional – têm sido mal compreendidos pelos governantes e seus gestores.

Com base em um método semelhante originalmente aplicado aos EUA, Christopher Barrett e colegas desenvolveram uma abordagem universal e padronizada para estimar a importância das cadeias de valor de alimentos entre agricultores e consumidores, conhecido como método do ‘dólar alimentar global’. Esse método foi então aplicado a um grande conjunto de dados englobando 61 países de renda média e alta ao longo de 11 anos (2005–2015), cobrindo aproximadamente 90% da economia global de alimentos. Além de revelar que, em média, os agricultores recebem menos de um terço (27%) do que é pago pelos alimentos consumidos em casa, os resultados indicam que essa participação tende a ser bem menor no caso da alimentação fora de casa. A participação também tende a cair significativamente com o aumento da renda nacional. Em outras palavras, em países de alta renda, a fatia que fica com o agricultor tende a ser menor.

Os autores concluem que a grande e crescente cadeia de valor alimentar “depois da porteira” merece maior atenção à medida que o mundo luta com os impactos econômicos, ambientais e sociais dos sistemas alimentares. Isso é particularmente verdadeiro diante da maior urbanização e do crescimento da renda, aspectos que favorecem cadeias de abastecimento mais longas e o consumo de mais produtos alimentícios processados.

Confira o artigo Post-farmgate food value chains make up most
of consumer food expenditures globally
em https://www.nature.com/articles/s43016-021-00279-9

Imagem em destaque: milharal – Valter Campanato/Agência Brasil

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