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Cientistas denunciam manipulação dos nossos sonhos e cobram ação urgente contra

Depois de um dia de muito trabalho, o que você mais quer é ter um sono relaxante, que faça você levantar cedinho com toda energia para mais 24 horas. Você gosta de dormir ao som de boa música. Então, você dá uma ordem para o seu alto-falante inteligente: “Alexa, toque a minha seleção preferida!” Imediatamente, o quarto é invadido por uma agradável melodia e você entra num sono reparador. Mas nessa hora, enquanto você dorme, a obediente Alexa começa a enviar uma propaganda que vai “entrar” no seu sonho e vai fazer você consumir aquele produto anunciado ou tomar aquela atitude desejada pela empresa ou por quem fez a publicidade. Isso, sem você autorizar, sem você saber!

Essa cena tenebrosa não é coisa de filme de ficção científica. É real. Ela já acontece. E alguns cientistas estão muito preocupados com essa invasão de privacidade indevida. Uma carta aberta assinada por 40 renomados estudiosos do sono e do sonho foi divulgada recentemente alertando para esse desvio de propósitos por parte de psicólogos e neurocientistas de questionável ética e para a necessidade urgente de se regulamentar o emprego de tecnologias de incubação de sonhos (Targeted Dream Incubation ou TDI, na sigla em inglês).

Na carta, também assinada pela brasileira pós-doutora em neurociências Natália Bezerra Mota(*), os pesquisadores dão exemplos atuais do que denunciam.

A Molson Coors, uma cervejaria norte-americana, lançou uma campanha publicitária com início dias antes do domingo do Super Bowl e projetada para se infiltrar nos sonhos de quase 100 milhões de espectadores na noite anterior ao jogo. No sonho, num ambiente de montanha saudável e refrescante, eles sonhariam com a cerveja Coors, com a intenção de levá-los a beber a cerveja enquanto assistiam ao Super Bowl.

A Coors foi a pioneira, mas outras empresas estão interessadas em usar as novas tecnologias de incubação de sonhos, como Xbox e Playstation. Vários estudos de marketing estão testando abertamente novas maneiras de alterar e motivar o comportamento de compra por meio do hackeamento dos sonhos e do sono.

Nos últimos anos, os neurocientistas começaram a desenvolver ferramentas científicas que facilitam a introdução de conteúdos específicos nos sonhos, tornando a incubação dos sonhos mais direcionada e mensurável, permitindo a experimentação científica sobre a natureza e a função dos sonhos. Eles usam sensores para determinar quando o cérebro adormecido de uma pessoa está receptivo a estímulos externos e, nesses momentos, introduzem cheiros, sons, luzes piscando ou até mesmo uma voz para influenciar o conteúdo de nossos sonhos. “O potencial de mau uso dessas tecnologias é tão nefasto quanto óbvio”, indica a carta de iniciativa de Robert Stickgold (Harvard Medical School, Boston MA, co-autor de When Brains Dream); Antonio Zadra (Université de Montréal, Canadá, co-autor de When Brains Dream); e Adam Haar (MIT, Cambridge MA, codesenvolvedor de ferramentas TDI).

(*) Natália Bezerra Mota é professora substituta no Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRJ, possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2007), residência em Psiquiatria pela UFRN (2011), mestrado em Neurociências pelo Programa de Neurociências da UFRN (2013), doutorado em Neurociências pelo Programa de Neurociências da UFRN (2017) e pós-doutorado no mesmo programa (2020). Atualmente, concluindo pós-doutorado pelo Departamento de Física da UFPE (FADE), em colaboração com ICe-UFRN e PUC-RJ, e iniciando pós-doutorado no IPUB UFRJ.

Vejam o estudo dos sonhos feito pela Coors

Comercial da Coors – O Grande Jogo dos Seus Sonhos: Estudo dos Sonhos

Stickgold, R., Zadra, A., & Haar, A. (2021). Advertising in Dreams is Coming: Now What? Dream Engineering. Retrieved from https://dxe.pubpub.org/pub/dreamadvertising

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