
É possível amar alguém que parece feito de névoa?
Na São Paulo dos anos 1980, uma mulher de trinta anos mergulha em um turbilhão de paixões fugazes, remédios para rinite e encontros marcados pela efemeridade. Narrado em primeira pessoa, Filmes Proibidos (1990), romance de estreia da multifacetada Bruna Lombardi, retorna em edição comemorativa com textos inéditos de Giovana Madalosso e Rodrigo Lacerda, celebrando sua atualidade surpreendente.
A protagonista – moderna, irônica e obsessiva – apaixona-se por um homem que desaparece como fumaça, simbolizando a busca de uma geração pré-internet por conexões reais em um mundo à beira da revolução digital. Entre consultas a uma cartomante de sotaque mutável, diálogos afiados com um psicanalista obcecado por caramujos e telefonemas operísticos de uma mãe hipocondríaca, a narrativa tece um retrato ácido e poético de uma época onde o amor ainda dependia de encontros presenciais e cartas não enviadas.
Por que reler Filmes Proibidos em 2024?
- Protagonismo feminino à frente do tempo: Lombardi antecipa as heroínas desconstruídas e sexualmente livres da literatura atual, criando uma personagem que não pede licença para existir em sua complexidade.
- São Paulo como personagem: A cidade dos anos 1980/90 ganha vida em bares, consultórios e ruas onde a tecnologia ainda não substituía o olho no olho.
- Humor e melancolia em equilíbrio: A prosa de Lombardi mistura ironia fina (“frases que hoje teriam milhares de likes”, como destaca Madalosso) com uma nostalgia que ressoa em tempos de relações líquidas.
Edição especial:
- Texto de orelha por Giovana Madalosso: A escritora celebra a “escrita hipnótica” de Lombardi e seu papel pioneiro na literatura brasileira.
- Apresentação de Bruna Lombardi: A autora reflete sobre a geração retratada – urbana, techno e deslumbrada com os primeiros computadores – e como sua busca por autenticidade dialoga com o presente.
“Um romance que escapa às amarras do tempo. Lombardi captura o caos de amar em uma era sem algoritmos, onde o desejo ainda era uma aventura offline.” – Rodrigo Lacerda
Para quem é este livro:
- Leitores que buscam narrativas sobre mulheres complexas e donas de seus corpos.
- Fãs de diálogos afiados e personagens excêntricos.
- Quem quer revisitar (ou descobrir) um clássico cult que previu, nos anos 1990, a solidão e a liberdade do século XXI.
“Bruna Lombardi não escreveu um livro: plantou um espelho para gerações futuras.” – Giovana Madalosso