
Kauai, cliente da Fundação, segura um livro braille e a mão direita está sobre os pontos braille. Foto Crédito: Dorina Nowill/Divulgação.
Com o retorno às aulas, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, organização pioneira em inclusão de pessoas cegas e com baixa visão, reforça a necessidade crítica de disponibilizar livros em braille e formatos adaptados nas escolas. A ausência desses recursos, segundo a entidade, perpetua desigualdades e compromete o desenvolvimento educacional de milhares de estudantes. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que mais de 6,5 milhões de brasileiros têm deficiência visual. No ambiente escolar, a carência de materiais pedagógicos acessíveis ainda é uma barreira à participação efetiva desses alunos. Há quase 80 anos, a Fundação Dorina atua para mudar esse cenário, produzindo e distribuindo gratuitamente livros em braille, audiolivros e formatos digitais acessíveis para instituições de ensino em todo o país.
“A educação acessível não é um favor, é um direito. Sem livros adaptados, estudantes com deficiência visual são privados de aprender em condições de igualdade”, afirma Alexandre Munck, superintendente da Fundação.
PNLD: Um aliado na inclusão
A distribuição desses materiais depende, porém, da adesão das escolas ao Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), iniciativa do Ministério da Educação que garante o envio gratuito de recursos pedagógicos à rede pública. Em 2019, após pressão de movimentos pela inclusão, o programa passou a priorizar a acessibilidade, resultando na impressão de milhões de páginas em braille e na digitalização de obras adaptadas anualmente.
Um avanço notável foi a criação do formato braille/tinta, desenvolvido pela Fundação Dorina, que permite a convivência harmoniosa entre alunos com e sem deficiência visual, além de facilitar o acompanhamento das famílias.
Como funciona o PNLD?
Criado há décadas, o PNLD é responsável pela distribuição regular de livros didáticos, literários e pedagógicos para escolas públicas, além de instituições comunitárias e filantrópicas conveniadas ao governo. A iniciativa é vital para democratizar o acesso à educação, mas depende do engajamento das escolas, que precisam formalizar pedidos às Secretarias de Educação.
Desafios e esperança
Apesar dos avanços, a Fundação Dorina ressalta que a inclusão plena exige mais do que leis: é preciso conscientização social e investimento contínuo. “Cada livro acessível entregue é um passo para romper ciclos de exclusão. A luta por uma educação verdadeiramente para todos não pode parar”, conclui Munck.
Enquanto o ano letivo se inicia, o alerta permanece: sem materiais adaptados, o direito à educação se torna letra morta para milhões de brasileiros.