Fachada do Museu do Ipiranga pronta para a festa dos 200 anos da Independência
No final do mês de março, foram concluídas as obras de restauro do edifício-monumento do Museu do Ipiranga. Desde outubro de 2019, o prédio, que foi inaugurado em 1890, tem passado por uma reforma total, com reparos em todos os detalhes da arquitetura, incluindo os 7.600 metros quadrados das fachadas, que, pela primeira vez em sua história, passaram por limpeza, decapagem, recuperação dos ornamentos, aplicação de argamassa, tratamento de trincas e pintura.
Para pintar, foi utilizada uma tinta mineral, desenvolvida especialmente para o museu, que permite a troca de umidade entre o prédio de cal e o ambiente. Um estudo estratigráfico [ramo da geologia que estuda as camadas de rochas] e o processo de decapagem também tornaram possível recuperar a cor original da construção do século 19.
Tetos e paredes do interior receberam tratamento similar. Os elementos de marcenaria, como as 450 portas e janelas, foram catalogados, retirados e restaurados em oficinas no canteiro de obras, e recolocados no mesmo lugar, bem como os 1.900 metros quadrados de assoalho que revestem o piso da edificação. Os pisos de ladrilho hidráulico franco-alemão também passaram por restauro. Com a instalação de elevadores, o edifício-monumento será, enfim, totalmente acessível.
Outro quesito essencial no projeto são os métodos para prevenção de incêndios. O sistema de sprinklers adotado é do tipo “pré-ação” com tecnologia que antevê alarmes falsos, evitando disparos acidentais. Já o sistema de detecção de fumaça utiliza a técnica de aspersão (sucção do ar em intervalos fixos) para constante análise, podendo identificar partículas de resíduos queimados que podem prenunciar um incêndio. Os sistemas comuns de detecção de fumaça são acionados apenas em caso de muita fumaça, ou seja, após o incêndio ter tomado certa proporção. Dessa forma, com a técnica de aspersão, garante-se a proteção do prédio por meio de um sistema mais efetivo.
Agora, o prédio caminha para a conclusão de sua última etapa de obras antes de sua reabertura em setembro, para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil: a de ampliação. Foi realizada uma escavação em frente ao edifício, que abrigará a nova entrada, bilheteria, auditório para 200 pessoas, espaço educativo, café, loja e sala de exposição temporária. Na esplanada, o assentamento do piso em mosaico português da área central avançou e tem previsão de finalização para este mês de abril. Pela primeira vez na história do museu, a instituição estará apta a receber acervos de outras instituições, inclusive internacionais, graças à instalação de ar-condicionado.
O projeto abarca também o Jardim Francês, localizado em frente ao edifício-monumento. Estimada em R$ 19 milhões e custeada pelo governo do Estado, a proposta prevê a restauração de toda a área construída e de paisagismo, além da reforma do espaço da antiga administração para instalação de um restaurante, criação de infraestrutura para food bikes, restauro e modernização da iluminação pública, requalificação das vias de acesso, contemplando também equipamentos de acessibilidade, e a reativação da fonte central. Até o momento, os 14 delfins e cachepôs que adornam as fontes foram restaurados e reinstalados. Os ornamentos tiveram suas trincas reparadas em laboratório com o mesmo material de origem e já foram religados às mangueiras das novas instalações.
Imagem em destaque: Fachada do Museu do Ipiranga em obras – USP Imagens. Crédito – José Rosael e Hélio Nobre.
Fonte: Jornal da USP – Conteúdo Comunicação/Colaboração: Adriana Cruz