Antropólogos analisam em evento “Os Aruaques”, obra rara da etnologia sulamericanista
O Grupo de Pesquisa de Historiografia das Antropologias (Histas), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGA) vai promover, na segunda-feira (6 de dezembro), às 14h, o lançamento da obra “Os Aruaques”, de autoria de Max Schmidt e editada pela Editora Hedra e que consiste na primeira tradução publicada de um clássico da etnologia sulamericanista. O evento, que ocorre de modo virtual com transmissão pelo Google Meet , vai contar com a participação dos professores e organizadores da obra Peter Schröder (Antropologia, UFPE) e Erik Petschelies (antropólogo, pós-doc na USP, doutor em Antropologia pela Unicamp), além dos convidados Michael Kraus, antropólogo que atua na Universidade de Göttingen e é curador das Coleções Etnográficas da Universidade, e Diego Villar, antropólogo e pesquisador do Conicet, de Buenos Aires.
A OBRA – Max Schmidt (1874-1950) dedicou sua vida de estudos aos povos indígenas sul-americanos. Apesar de sua grande contribuição ao estudo das culturas e história desses povos, sua obra ainda é pouco conhecida no Brasil. É ele o autor do clássico “Os Aruaques”, publicado originalmente em 1917, livro que até hoje ocupa o lugar de um dos mais originais e importantes estudos da etnologia sulamericanista. O livro levanta questões específicas sobre a expansão dos povos falantes de línguas aruaque nas terras baixas da América do Sul, tais como seus motivos, meios e caráter. Schmidt indica que essa expansão teria acontecido menos em termos populacionais, no sentido de grupos inteiros se deslocarem para novos territórios, mas sobretudo de predominância social e cultural.
Escrito no início do século passado, durante o período da Primeira Guerra Mundial, “Os Aruaques” foi produzido originalmente como tese de doutorado de Schmidt e as ideias aí apresentadas marcam o conhecimento sobre estes e outros povos desde então. Schmidt realizou três expedições no Brasil Central e no Paraguai (1900, 1910, 1926-28) e é considerado um dos personagens mais importantes da tradição alemã na etnologia americanista no século XX. Schmidt emigrou da Alemanha em 1929, primeiro para o Brasil e depois para o Paraguai, onde ele faleceu perto de Assunção em 1950 em situação de miséria.
A tradução da monografia de Schmidt é acompanhada por uma introdução de Peter Schröder, uma avaliação comparativa da obra de Schmidt no contexto da etnologia alemã, escrita por Michael Kraus (Universität Göttingen), a reimpressão de um obituário de autoria de Herbert Baldus (originalmente publicado em 1951) e um artigo de Paulo de Carvalho Neto (também publicado em 1951) sobre os últimos dias de Schmidt.