Beber café faz bem para o coração, dizem especialistas. O melhor é até 3 xícaras por dia…
Pesquisa apresentada no congresso deste ano da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), que termina amanhã (30 de agosto) e está sendo realizado de forma digital, indica que beber até três xícaras de café por dia reduz o risco de derrame e doenças cardíacas fatais. Mas, atenção: o resultado não vale para pessoas que já tenham sido diagnosticadas com algum tipo de doença cardíaca. “Até onde sabemos, este é o maior estudo para avaliar sistematicamente os efeitos cardiovasculares do consumo regular de café em uma população sem doença cardíaca diagnosticada”, diz Judit Simon, principal autora do trabalho e doutora do Centro Cardiovascular da Universidade de Semmelweis, em Budapeste, na Hungria.
“Nossos resultados sugerem que o consumo regular de café é seguro, já que, após um acompanhamento de 10 a 15 anos, mesmo uma alta ingestão diária da bebida não foi associada a resultados cardiovasculares adversos nem a mortalidade por todas as causas”, prossegue. “Além disso, o consumo de meia a 3 xícaras de café por dia foi associado a menores riscos de acidente vascular cerebral (AVC), morte por doença cardiovascular e morte por qualquer outra causa”, destaca.
O estudo incluiu 468.629 participantes do UK Biobank sem sinais de doença cardíaca no momento do recrutamento. A média de idade foi de 56,2 anos e 55,8 por cento do total eram mulheres. Os analisados foram divididos em três grupos: os que não consumiam café regularmente (22,1%); os que consumiam de meia a 3 xícaras por dia da bebida (58,4%); e os que consumiam mais de 3 xícaras por dia, considerado um nível alto de consumo (19,5%).
As análises foram ajustadas para fatores que poderiam influenciar a relação, tais como idade, sexo, peso, altura, tabagismo, atividade física, hipertensão, diabetes, nível de colesterol, nível socioeconômico e ingestão habitual de álcool, carne, chá, frutas e legumes.
Em comparação com os que não bebiam café, o consumo considerado de leve a moderado (de meia a 3 xícaras diárias) foi associado a um risco 12 por cento menor de morte por qualquer causa, risco 17 por cento menor de morte por doença cardiovascular e risco 21 por cento menor de AVC.
Para examinar os potenciais mecanismos subjacentes, os pesquisadores analisaram a associação entre a ingestão diária de café e a estrutura e função do coração ao longo de um acompanhamento médio de 11 anos. Para isso, utilizaram dados de 30.650 participantes que realizaram ressonância magnética cardíaca (RM), considerada o padrão ouro para avaliação da estrutura e função cardíaca.
“A análise de imagem indicou que, em comparação com participantes que não bebiam café regularmente, os consumidores diários tinham corações mais saudáveis e com melhor funcionamento. Isso foi consistente com a reversão dos efeitos prejudiciais do envelhecimento do coração”, conclui a doutora Simon.