Estudantes de 42 federais de medicina não têm formação adequada por falta de hospital

Estudantes de 42 federais de medicina não têm formação adequada por falta de hospital

Futuros médicos estão saindo da maioria das faculdades federais sem a devida formação para o exercício da profissão. Atualmente, 42 universidades federais em todo o país têm cursos de medicina, mas não possuem hospitais universitários. Com o objetivo de minimizar o problema, o ministério da Educação repassou, em 2020, 40 milhões de reais a essas universidades para que fossem feitos convênios com unidades de saúde dos municípios em que estão localizadas.

Um dos cursos de medicina que pedem um hospital universitário é o do campus Paulo Afonso, o mais novo da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), criado em 2014. O município de Paulo Afonso, com cerca de 100 mil habitantes, tem o Hospital Nair Alves de Souza (HNAS), que atende a 23 municípios de quatro estados (Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe). Até 2019, o HNAS foi administrado pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), mas agora está sob a responsabilidade da prefeitura, que não tem condições orçamentárias de mantê-lo. A intenção é transformá-lo em hospital universitário, mas há problemas no caminho.

O reitor da Univasf, Paulo Cesar Neves, crê que a solução para manter o hospital seria uma gestão tripartite, com recursos municipais, estaduais e federais. Sidney Leão, coordenador do curso de medicina do campus Paulo Afonso, argumenta que já foram feitos dois termos de compromisso para a transformação do HNAS em hospital universitário, gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebsehr), rede vinculada ao ministério da Educação e que já atende a Univasf no campus de Petrolina, Pernambuco. Mas a mudança até agora não foi concretizada.

“Essa nossa luta não é somente a luta do colegiado, é a luta sobretudo de um povo, é a luta de mais de meio milhão de habitantes de quatro estados, que dependem do HNAS. É a luta incansável que essa coordenação, que esse curso de medicina tem pela melhoria da saúde e da educação de Paulo Afonso e da região”, afirmou o reitor durante audiência pública realizada na sexta-feira, 2 de julho, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Durante a audiência, Eduardo Vieira, vice-presidente da Ebsehr, apresentou o estado crítico em que se encontram os hospitais universitários por ela administrados. A rede mantém 40 dos 50 hospitais universitários federais em funcionamento no Brasil e, pelo que afirma, a saúde financeira dos hospitais da rede está seriamente comprometida. “Muitos hospitais da rede não estão dentro do que a gente deseja, que é a sustentabilidade econômica e financeira. Como eles têm a folha de pagamento já sustentada pela parte federal, o restante do custeio teria que ser bancado, teria que ser equacionado apenas com a receita da sua produção ao SUS, mas não é o que acontece em muitos dos nossos hospitais”, disse.

Segundo Vieira, dificilmente o HNAS será absorvido pela empresa, acrescentando que a solução, talvez, esteja no Ministério da Saúde.

Imagem em destaque: Hospital Nair Alves de Souza, Paulo Afonso, Bahia. Crédito: Chesf

Com informações da Agência Câmara de Notícias.

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