Parques e florestas de Minas Gerais perdem 70% de verbas federais
Dissertação de mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revela que, de 2018 para 2019, o governo federal reduziu em cerca de 75% a verba destinada à conservação das 18 unidades de preservação da vegetação nativa na região centro-sul de Minas Gerais, conhecida como Quadrilátero Ferrífero. O Quadrilátero Ferrífero é uma das maiores províncias minerárias do mundo. Mais da metade de sua área é ocupada por mineradoras, empreendimentos do agronegócio e áreas urbanas. Mas a região ainda mantém vegetação nativa em 45% do território, o que é de grande importância para a biodiversidade brasileira.
Em seu trabalho Impactos da paisagem na saúde humana e investimentos em unidades de conservação: contribuições para políticas públicas, o biólogo Matteus Carvalho Ferreira analisou os impactos das alterações da paisagem gerados pela urbanização e pela mineração na saúde mental e respiratória em 22 municípios do Quadrilátero Ferrífero, onde vivem mais de um milhão de pessoas.
A pesquisa também fez um levantamento dos investimentos do governo federal nas 18 unidades de conservação situadas em Minas Gerais. Os resultados mostram redução de 73% do orçamento total destinado a essas áreas, passando de quase 15 milhões de reais, em 2018, para cerca de 4 milhões de reais, em 2019.
O quadrilátero
O Quadrilátero Ferrífero é uma região localizada no centro-sul do estado de Minas Gerais, que é a maior produtora nacional de minério de ferro. Sessenta por cento de toda a produção nacional sai da região, que tem uma área de aproximadamente 7 mil quilômetros quadrados e abrange 27 municípios, entre eles Caeté, Itabira, Itaúna, João Monlevade, Mariana, Ouro Preto, Rio Piracicaba, Sabará e Santa Bárbara. Além do minério de ferro, também são extraídos do Quadrilátero Ferrífero, ouro e manganês.
Foi um importante polo aurífero na época do ciclo do ouro. O povoamento teve início com a mineração no século XVII. Com a sua decadência, no fim do século XVIII, a região ficou estagnada. No fim do século XIX, com a fundação de Belo Horizonte, houve um novo surto de povoamento.
Imagem em destaque – Rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, resultou em 240 mortes confirmadas; 32 pessoas ainda seguem desaparecidas. (Foto: Vinícius Mendonça/Ibama)