Descrição
É curioso que ainda hoje buscamos conhecer qual era a aparência do alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes e condecorado ao patamar de o maior dentre todos os heróis brasileiros. Mesmo não existindo qualquer registro visual sobre ele, sua história caiu na simpatia popular em meados do século XIX. E com a Proclamação da República, o herói da “Inconfidência Mineira” incorporou-se, em definitivo, à representação iconográfica brasileira. No geral, aparece vestindo a roupa branca dos condenados e com barba, bigode e cabelos longos.
O livro Em busca de um rosto: a República e a representação de Tiradentes. Como moedas, cédulas e selos contam a História do “maior herói brasileiro”, de André Figueiredo Rodrigues e Maria Alda Barbosa Cabreira, analisa algumas das representações que a imagem do alferes Tiradentes ganhou no tempo.
Ainda na época do Império, na segunda metade do século XIX, quando começaram a surgir as primeiras manifestações organizadas e de propaganda em favor de sua memória, artistas começaram a desenhá-lo como uma mistura entre o bravo conspirador e uma sublime imagem do que também imaginavam ser Jesus Cristo. Em um país católico nada melhor do que associar sua representação à imagem que se quer ver em um herói brasileiro. Mas, afinal, de que maneira essa associação entre Tiradentes e Jesus Cristo ocorreu? Quais as estratégias elaboradas para isto? Quem foi o pioneiro artista que associou a imagem do herói mineiro a Cristo? De “herói sem rosto” a sua representação como “o Cristo brasileiro”, o livro buscar conhecer essa história, assim como várias outras representações criadas em torno de “sua imagem”. Em suas páginas aparecem discutidos os caminhos que levaram ao seu “culto” em Minas Gerais até sua designação como Patrono Cívico da Nação Brasileira e entrada no Panteão da Pátria, sendo o primeiro dos heróis brasileiros a ter o seu nome ali inscrito.
Mas, de maneira inovadora, na obra também se analisa como o alferes Tiradentes aparece detidamente representado no dinheiro e no selo postal. Aliás, o estudo de aspectos relacionados ao colecionismo de selos, moedas e cédulas é praticamente esquecido da pesquisa em História e aparece no livro resgatado pelos autores. No dinheiro, “a imagem” do herói nacional apareceu pela primeira vez em 1962, em série dedicada aos “grandes” vultos da História nacional. Desde então, sua representação pictográfica aparece em outras três ocasiões, entre elas na moeda de cinco centavos de real, em circulação desde 1998. Já dentre os selos postais, o alferes Tiradentes também teve “sua imagem” estampada em quatro ocasiões, sendo uma das mais significativas a que ele também aparece ao lado de “vultos célebres da História do Brasil”, em 1963. Enfim, essas imagens, histórias e contextos de suas apropriações por instrumentos oficiais são recuperados nos dois capítulos finais da obra.
O livro, portanto, mostra a história e mesmo as representações de Tiradentes no decorrer dos tempos.
Lançamento 2020
Condição – Livro Novo A05R
Avaliações
Não há avaliações ainda.